sábado, 15 de dezembro de 2007

Que progresso é esse?


Que progresso é esse?



Definir a nossa realidade não é algo fácil. Dizer se nela há progresso é uma questão mais que difícil. Lembremos que estamos em "tempos modernos", não mais aqueles em que o homem tinha como tarefa diária o "apertar a porquinha" um milhão de vezes, mas em algo muito mais "futurista": a era das máquinas, em especial as que estão ocupando o lugar do homem. Estamos colhendo os frutos estragados da Modernidade.
Antes do século XVIII não existia uma noção de progresso, porém o Capitalismo estava em ascensão e logo criaria e aliaria esse conceito à sua causa. Progresso sugere uma melhora, uma evolução. Mas então pergunto: que progresso é esse que excluí?
O mundo contemporâneo possuí profundas raízes na modernidade (se não o podemos chamar de "Modernidade Contemporânea") e ergue três eixos centrais: progresso, educação e máquinas. É uma aposta na razão, uma aposta que tem como base fundamental a ciência. A Modernidade está ligada à racionalização (tornar racional e eficiente) o que se traduz numa matematização do real (vamos descrever o mundo por equações!). Hoje, notavelmente, as qualidades são transformadas em quantidades, em números.
As máquinas foram criadas para facilitar o trabalho, tornar tudo mais rápido, o que acarretaria mais tempo para cuidarmos de nossas vidas. Entretanto fomos nada mais que agressivamente lançados em uma cadeia de produção, onde teríamos, cada um, uma função específica no devido processo. No início do século passado, sabotar as máquinas era a solução. O indivíduo rebelado cometia tal façanha.
Hoje não. Estamos em um sistema de vigilância sofisticadíssimo. "Sorria, você está sendo filmado" é o carro-chefe. O grande olho, o "panóptico" (o Big Brother real) está aí nos filmando e dificultando qualquer tipo de resistência perante o sistema. Não quero ter má-fé. Entretanto a idéia de que estamos sendo observados está tão impregnada que até criamos uma polícia interna.
As máquinas estão ocupando o lugar do homem, perversão essa gerada pelo desejo de lucro que, infelizmente, ganha força a cada dia (nós, nossos desejos capitalistas e individualistas) fazendo com que muitas pessoas sejam descartadas. "Mas poxa! O cobrador de ônibus é cobrador porque ele quis". É triste tal visão que muitos possuem. Ainda mais em um país, em um mundo onde que para que alguns sejam ricos, infelizmente, é necessário que a grande maioria seja pobre. Será necessária miséria para que se tenha riqueza?
Diante desse grande problema lembro-me da idéia de progresso novamente. Ele tenta nos mostrar o que é "melhor ou pior" sob sua perspectiva. Pergunto: "Ter progresso" é estar em uma sociedade que tem como base a ciência (que é usada principalmente para fins militares ou capitalistas e não para o bem-estar de todas as pessoas)? É claro que não desconsidero pessoas, muitas, que estão tentando transformar essa realidade. Pessoas estas de muita fibra que, mesmo com pouca voz perante as grandes corporações e Estados, estão lutando para conscientizar as pessoas, pois elas sim, quando unidas, mudarão o rumo de nossa história.
Acreditamos (durante 200 anos) que a razão resolveria tudo. Criamos inúmeras máquinas que nos dão idéias de ilusão (a felicidade de possuir objetos), mas a fome e a miséria estão aí. Que progresso é esse? Mesmo com o avanço da medicina doenças novas estão surgindo, inúmeros problemas novos aparecem, como os de ordem psicológica por exemplo.
Eu passo por inúmeros moradores de rua, pessoas marginalizadas pela sociedade. Chega uma hora que começa a parecer "normal", não é? Que progresso é esse que agride a natureza e os homens? Temos que parar de nos alienar...
Será que é essa a razão de que precisamos? Ou será que teríamos que reformular a razão?
Somos os estudantes de hoje que serão os trabalhadores de amanhã e colheremos tudo que semeamos, não podemos duvidar disso.


"Temos que parar de nos alienar e tentar levar para os outros algo realmente bom"

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