domingo, 11 de maio de 2008

Medo?

Olhe para esta imagem sentado em frente ao computador.
Agora tome uma certa distância da tela (levante a bunda dessa cadeira!) e olhe de novo.

Nem tudo que parece é...

O que você vê?


Vitória


Notícias do Sinsesp
Boletim nº 23 – 9 de maio de 2008


Vitória da Filosofia e da Sociologia no Senado Federal

Lejeune Mato Grosso Xavier de Carvalho *
Emmanuel José Appel **

Nesta quinta-feira, 8 de maio de 2008, um dia histórico para sociólogos e filósofos, o plenário do Senado aprovou, um pouco antes das quinze horas (sua sessão, que habitualmente se inicia um pouco mais tarde, teve sua abertura por volta das onze horas da manhã) aprovou a obrigatoriedade das disciplinas de Sociologia e Filosofia no currículo do Ensino Médio de todas as escolas públicas e privadas do país.
Eram exatamente 14h35 quando a brava senadora Ideli Salvatti assim se manifestou: "gostaria de solicitar uma inversão de pauta para o PLC 04/08 que inclui a Sociologia e a Filosofia como disciplinas obrigatórias no currículo do Ensino Médio". A votação só foi possível no plenário do Senado porque na última terça-feira, às 12h, na reunião ordinária da Comissão de Educação do Senado, o PLC 04/018 havia sido aprovado por unanimidade e um requerimento de urgência para votar no plenário havia também sido aprovado, de autoria do combativo senador Valter Pereira, do PMDB/MS, que deu parecer pela aprovação do projeto de autoria do deputado socialista Dr. Ribamar Alves, do PSB/MA.
Só haveria concordância com a inversão se ninguém discutisse a matéria (a presidência da mesa não queria atrasar a votação de outros projetos) e foi exatamente isto que aconteceu: por unanimidade a Filosofia e a Sociologia estão de volta e vão agora à sanção presidencial.
"Hoje fizemos um grande benefício à juventude brasileira", afirmou a senadora Ideli Salvatti. Na discussão da proposta, a senadora Ideli Salvatti (PT/SC) saudou o retorno das duas disciplinas ao Ensino Médio, 37 anos depois de serem excluídas do currículo por decisão do regime militar em 1971, com a Lei 5.692, tendo sido, então, substituídas pela disciplina Educação Moral e Cívica. A senadora frisou ainda que a proposta tramitava há onze anos no Congresso Nacional.
Queremos de público agradecer a algumas pessoas, assessores, que nestes últimos três dias, desde a terça dia 6 de maio, que mantivemos uma equipe de plantão permanente em Brasília, integrada, além de nós do Sinsesp e do Fórum Sul, pela colega socióloga Graziela Lara (DF) e Antônio Bráz (MG). São os seguintes os colegas, amigos e companheiros que nos ajudaram: Zuleide Teixeira (da liderança do PT no Senado), Chica Picanço (do gabinete do deputado Ângelo Vanhoni PT/PR), João da Silveira (do gabinete do Senador Valter Pereira, PMDB/MS), Júlio Linhares (secretário-executivo da Comissão de Educação, Cultura e Esportes do Senado), Ronald Pinto (do gabinete da Senadora Fátima Cleide PT/RO), José Veríssimo Teixeira da Mata (consultor legislativo da Câmara dos Deputados), Carlos Décimo (gabinete do senador Inácio Arruda PCdoB/CE), Márcio Nuno Rabat (consultor legislativo da Câmara dos Deputados) e Aires das Neves Junior (chefe de gabinete do senador Flávio Arns PT/PR).
Nos próximos dias, circularemos informações mais detalhadas sobre a aprovação histórica nesta data, bem como daremos ampla divulgação do dia e hora da sansão presidencial da Lei que irá alterar de forma definitiva a obrigatoriedade do ensino de Sociologia e Filosofia em todas as escolas de Ensino Médio do país, públicas e privadas.
Estamos propondo ao presidente Lula que façamos um grande ato, um evento nacional no Palácio do Planalto, com as presenças de ministros de estados, entidades nacionais como a CNTE, CONTEE, UNE, UBES, SBS, ANPOF, Sinsesp, Apeoesp e Fórum Sul e demais entidades da sociedade civil que nos apoiaram nessa histórica luta pelo menos nos últimos 11 anos. Vamos lembrar e homenagear todos os que nos ajudaram e apoiaram. Aguardem maiores informações. Um forte abraço a todos.

* Sociólogo e Presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo
** Filósofo e Coordenador do Fórum Sul Brasileiro de Filosofia e Ensino

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Antes que elas se fechem...

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios, por isso cante, dance, ria, chore e viva intensamente cada momento de sua vida, antes que as cortinas se fechem e a peça termine sem aplausos"

(Charles Chaplin)

terça-feira, 6 de maio de 2008

A unidade como princípio


Matemática e espiritualidade
Pitágoras foi líder de um pensamento à parte na filosofia de sua época, pois concedeu um caráter religioso (com características do Orfismo) diferente da religião oficial e encarou a matemática como uma via de salvação da alma.
Para esse grande filósofo, que submetia a sua escola a rigorosos ritos de iniciação, a physis é o número; e o número é a perfeição. A base do número é a unidade, o ponto. Isso expressa o seu desejo de querer reduzir tudo a uma unidade e de tornar a matemática algo indubitável.
Essa ciência poderia explicar tudo, inclusive a alma e a espiritualidade humanas, verdades que eram reveladas através dos mistérios matemáticos, que traziam à tona a ordem que rege tudo o que é e tudo o que vem a ser.
A Escola Pitagórica deixa claro que, naquela época, as descobertas científicas afetavam a espiritualidade do homem e eram fontes de profundos debates e preocupações, podendo gerar o medo (o caso dos irracionais, e com eles a visão de que talvez "a alma não poderia ser salva", um escândalo), diferente da importância que é dada, hoje em dia, no mesmo campo, pois elas passam indiferentes e não representam algo que afetaria a vida das pessoas.
A espiritualidade em torno da matemática aconteceu na Grécia, mas se foi (atualmente)...e se não se foi, está quase ausente...
Pitágoras merece créditos por grande feitos, como o famoso teorema que leva o seu nome.

A matemática pitagórica


A concepção pitagórica de matemática relaciona-se com a idéia de perfeição e com o universo em sua totalidade, campo esse que poderia ser descrito pela racionalidade da mesma. Entretanto, da mesma forma que existiam os "astros vagabundos" vagando pelo cosmos, foram descobertos os números irracionais, o que gerou dúvida acerca da capacidade da matemática (a ciência dedutiva por excelência) de nos revelar o real.
Na verdade, mais do que dúvida: essa descoberta gerou medo, pois colocou em questão toda a base do pitagorismo. Os irracionais eram números inexprimíveis para essa época, porém uma "solução" foi achada para manter a "ordem" e mostrou-se importante para toda a matemática posterior: expandiu-se o universo. Não era preciso reformular tudo, somente criar um conjunto, separando os números irracionais dos números racionais (e, assim, os pitagóricos esconderam em um primeiro momento a questão dos irracionais...por medo!).
Essa forma de ordenar é uma herança da Escola Pitagórica.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A morte da árvore

Uma pequena reflexão acerca do que o homem faz para a Terra.

A imagem que serve como plano de fundo para o título da minha página é a de uma árvore.
Para ser mais específico uma jabuticabeira, no bairro de Vila Friburgo (perto de Interlagos), São Paulo. E que jabuticabas deliciosas e suculentas que minha avó trazia de lá, não existiam iguais...
Ela vivia no jardim da minha tia avó japonesa e acompanhou a infância de muitas pessoas da minha família e esteve presente, inclusive, na minha infância, embora eu não morasse na casa do devido jardim.
Ela morreu.
Até o natal de 2006, data dessa foto, ela estava de pé, "logo ía tombar" imaginei, não mais dava jabuticabas, mas estava de pé, dando seus últimos suspiros.
A senhora do jardim sempre foi tratada com muito cuidado e deu bons frutos. Porém o tempo passou e, como o mundo é movimento incessante, ela se foi. E me deixou um vazio naquele jardim, no momento em que vi somente uns pedações de troncos secos e cortados.
Uma árvore não representa uma grande perda para a natureza, inclusive se esta teve uma morte digna de árvore.
O que me angustia são as que morrem antes da hora. Sim. Na verdade são essas que merecem alguns minutos de silêncio...
A cada dia, o homem desmata mais e mais, em prol do lucro desenfreado e da produção, esquecendo, assim, que a natureza é algo que nos completa como seres vivos. Nós temos ela como origem e para ela retornaremos, não resta dúvida.
A natureza possuí mecanismos para manter seu equilíbrio, mas o homem está fazendo dela um laboratório cruel e ela está reagindo, de formas curiosas, muitas delas negativas.
Enchentes, ciclones, terremotos no Brasil (!!!), aquecimento global acima do esperado, secas...enfim, há quem acredite que isso não é um mero ciclo natural, e sim um ciclo no qual o homem interviu, forjou e que agora está sofrendo as conseqüências.
A "morte da árvore" pode ser uma coisa boa, sob esse aspecto, uma morte digna, que eu gostaria que toda as árvores tivessem.
Que a senhora jabuticabeira descanse em paz.

Não está na hora de pararmos?
Não está na hora de reformularmos a nossa visão sobre a natureza?
E de lutar por ela também?

Marx diz...

"Uma aranha executa operações que se assemelham às manipulações do tecelão, e a construção das colméias pelas abelhas poderia envergonhar, por sua perfeição, mais de um mestre-de-obras. Mas há algo em que o pior mestre-de-obras é superior à melhor abelha, e é o fato de que, antes de executar a construção, ele a projeta em seu cérebro". (Karl Marx)


quinta-feira, 1 de maio de 2008

O Papel de Marx

Muitos foram os cientistas que contribuíram para a construção teórica da sociologia. No entanto, há três que podem ser considerados os mais importantes e são tidos como clássicos- pela elaboração teórica ampla- e que com o passar do tempo não perdem sua atualidade. São eles: Émile Durkhein, Karl Marx e Max Weber.
Enquanto a preocupação principal do positivismo foi com a manutenção e a preservação da nova sociedade capitalista, o marxismo procurará fazer uma crítica radical a esse tipo de ordem social, colocando em evidência seus antagonismos e suas contradições.
A elaboração mais significativa do conhecimento sociológico crítico foi feita pelo marxismo. Deve-se a Marx e Engels a formação e o desenvolvimento desse pensamento sociológico crítico radical da sociedade capitalista.
Na concepção de Marx e de Engels, o estudo da sociedade deveria partir de sua base material, e a investigação de qualquer fenômeno social da estrutura econômica da sociedade, que constituía a verdadeira base da história humana.
Desenvolveram a teoria de que os fatos econômicos são a base sobre a qual se apoiavam os outros níveis da realidade, como a política, a cultura, a arte e a religião. E, ainda, de que o conhecimento da realidade social deve converter em um instrumento político, capaz de orientar os grupos e as classes sociais para a transformação da sociedade.
Dentro dessa perspectiva, a função da sociologia não era a de solucionar 'os problemas sociais', com o propósito de restabelecer a ordem social, como julgavam os positivistas- ela deveria contribuir para a realização de mudanças radicais na sociedade.
Enquanto a sociologia positivista preocupou-se com os problemas da manutenção da ordem existente, concentrando sua atenção, principalmente, na estabilidade social, o pensamento marxista privilegiou, para o desenvolvimento de sua teoria, as situações de conflito existentes na sociedade industrial. Para os marxistas, a luta de classes, e não 'a harmonia' social, constitui a realidade mais evidente da sociedade capitalista.
A obra de Marx é fundamental para a compreensão do funcionamento da sociedade capitalista, e tanto recorrem a ela seus simpatizantes como seus críticos; isto porque Marx estudou o capitalismo e seus estágios iniciais, nos quais eram nítidas as posições ocupadas pelos capitalistas e pelos operários e onde a exploração social do trabalho assalariado ocorria de forma brutal.
Karl Marx nasceu na Alemanha, em 5 de maio de 1818, numa família de classe média, sendo seu pai um advogado bem conceituado.
Um fato ocorrido quando dos seus 17 anos, no ginásio da cidade onde nasceu, Trèves, demostra o que seria a vida futura do jovem Marx. Seu professor mandou-o dissertar sobre o tema: 'Reflexões de um jovem a propósito da escolha de uma profissão'.
Em sua dissertação, Karl desenvolveu duas idéias que deveriam acompanhá-lo por toda a vida. A primeira era a idéia de que o homem feliz é aquele que faz os outros felizes; a melhor profissão, portanto, deve ser a que proporciona ao homem a oportunidade de trabalhar pela felicidade do maior número de pessoas, isto é, pela humanidade. A segunda era a idéia de que existem sempre obstáculos e dificuldades que fazem com que a vida das pessoas se desenvolva em parte sem que elas tenham condições para determiná-la.
A obra de Marx, embora não diretamente relacionada com os estudos acadêmicos de ciências sociais, teve enorme importância para a sociologia. Trouxe para esta a teoria da luta dos contrários, o 'método dialético', assim definido por Engels: "a dialética considera as coisas e os conceitos no seu encadeamento; suas relações mútuas, sua ação recíproca e as decorrentes modificações mútuas, seu nascimento, seu desenvolvimento, sua decadência".
Marx soube reconhecer na dialética o único método científico de pesquisa da verdade. Sua dialética diferia das interpretações que a precederam, como ele mesmo afirmou. "No meu método dialético 'o movimento do pensamento não é senão o reflexo do movimento real, transportado e transposto para o cérebro do homem' ". Para Marx era o mundo real, o âmbito da economia, das relações de produção que determinavam o que pensava o homem, e não o contrário. Foi muito criticado por outros autores por isso, pois consideravam sua teoria determinista do ponto de vista economico. E, na realidade, o determinismo econômico marcou as diversas correntes do marxismo que proliferaram ao longo do século XX.
O método dialético proposto por Marx possui quatro características fundamentais: tudo se relaciona (lei da ação recíproca e da conexão universal); tudo se transforma (lei da transformação universal e do desenvolvimento incessante); mudança qualitativa; e luta dos contrários.
Já no fim da vida, Marx mantinha-se atualizado e aborrecia-se com as deficiências dos socialistas, que se diziam seus seguidores. Sabendo das tolices que eram ditas ou praticadas em seu nome, pilheriou com Engels, afirmando: "O que é certo é que eu- Marx- não sou marxista".
Faleceu em 14 de março de 1883.
Suas principais obras são: Manuscritos econômicos filosóficos (1844), A ideologia alemã (1845), A miséria da filosofia (1847), Manifesto comunista (1848), O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852), ep (1857) e sua maior obra, O capital (1867).

(Dias, Reinaldo. Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005- p. 24)