segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Poesia

Ser
(Carlos Drummond de Andrade)

O filho que não fiz
Hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
Sem carne, sem nome.

Às vezes o encontro
Num encontro de nuvem.
Apóia em meu ombro
Seu ombro nenhum.

Interrogo meu filho,
Objeto de ar:
Em que gruta ou concha
Quedas abstrato?

Lá onde eu jazia,
Responde-me o hálito,
Não me percebeste,
Contudo chamava-te
Como ainda te chamo
(além, além do amor)
Aspira a criar-se.

O filho que não fiz
Faz-se por si mesmo.

2 comentários:

Giovanna disse...

Querido...
a foto está perfeita com esse poema...
um dos meus favoritos...

Marcelo disse...

Minha alguém amada!
Muito obrigado^^
Foi vc que me passou esse poema, lembra?