quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Raízes do mal?

E a vaca dá leite...
A desigualdade social na qual o nosso mundo se encontra é questão de debate. Muitos estudos apontam para uma grande crise nos direitos humanos e na distribuição da riqueza, se isso já não for a realidade em que o mundo se encontra, visto a grande abismo existente entre África e Europa, Estados Unidos e América Latina, Japão e o restante da Ásia, Zona Sul e Norte do Rio de Janeiro, etc.
A situação vigente nos faz questionar sobre as raízes de tais problemas, e muitas vezes alguns pontos na nossa história são evidenciados como geradores dessa crise. Os pontos são muitos, mas destaquei: o sistema, a dominação feita pela força e a criação de uma rede de influências que cria dependências.

Sistema- O Neoliberalismo retoma as práticas do Liberalismo, mas possuí uma incrível força no âmbito econômico. Ele prega a não intervenção do Estado na economia, possuí o capital como meio de produção, a economia como força que influencia as decisões políticas, a exploração máxima do trabalho e a divisão internacional do trabalho.

Dominação- A primeira etapa do Colonialismo foi o Mercantilismo, onde a metrópole dominava sua colônia, extraindo toda a matéria-prima que encontrasse e destruindo toda a organização vigente. A segunda foi o Imperialismo, que teve como marco principal a divisão da África, sem respeitar a existência de várias tribos diferentes (e inimigas entre si) em busca da matéria-prima que alimentaria o crescimento dos grandes centros econômicos. Hoje em dia, o Imperialismo se dá pela Globalização, que está criando uma desigualdade maior ainda. Existem os que possuem ou não o acesso às novas tecnologias; ou os que detêm o conhecimento e aqueles que não detêm o conhecimento, por exemplo.

Dependência- A dependência política possuí raízes históricas (assim com os outrso tipos de dependência) e acontece devido à fragilidade dos governos das antigas colônias. Muitas vezes existem pessoas ligadas aos interesses econômicos internacionais e que visam satisfazer os governos das antigas metrópoles. Isso faz com que exista uma grande dependência da política exterior.

Analisando esses aspectos, nos colocamos diante de uma reflexão. Reflexão essa que diz respeito as atitudes e à ambição do homem. Estamos mergulhados nesta ordem, todos nós, e é extremamente difícil resistir, pois necessitamos sobreviver. Mas quando um pensamento coletivo começar a atingir grandes dimensões para derrubar essa ordem (geradora de tantas desigualdades), aí sim isso deixará de ser uma utopia.

O filósofo da liberdade


O filósofo da liberdade


Jean-Paul Sartre foi um ídolo de sua época. Grande defensor do Existencialismo (termo o qual criou), ele defendeu a liberdade. Uma liberdade com responsabilidade. Estes são seus famosos ideais: Existência, Liberdade e Responsabilidade.
A existência para Sartre é muito mais que um momento: a vida humana é a própria construção de sua essência. Para ele não nascemos com uma essência pré-estabelecida, ou seja, não há um Deus que cria a essência do homem descartando, assim, as questões metafísicas e defendendo a existência finita dos seres humanos. Isso se traduz em uma frase conhecida: "A existência precede a essência".
Responsabilidade é não ter má-fé (não se eximir da sua vida e não transferir aos outros o seu poder de escolha, não jogar a responsabilidade e a culpa por seus problemas nas pessoas e circunstâncias ou em um deus) e estar ciente de que escolhemos os nossos caminhos.
Quanto à liberdade, Sartre diz que "não podemos não escolher" e "o homem está condenado a ser livre". Isso significa que o homem é liberdade e em todas as circunstâncias podemos escolher.
O ser humano é livre para a constituição de um projeto, ele se "lança para o futuro". Todos os nossos atos presentes são realizados pensando-se no futuro. O projeto humano é algo universal, por isso podemos compreender qualquer projeto, de qualquer local e época.
Sartre diz que nascemos com inúmeras possibilidades e cabe a nós investirmos em algumas delas para que elas saiam do campo das especulações e venham ao campo da ação. A liberdade é possibilidade de dar sentido à vida e ao mundo. Sempre existe uma possibilidade de saída de uma circunstância qualquer.
O homem é livre e se ele escolhe um estilo de viver, ele dá a mesma liberdade para os outros. A liberdade é algo coletivo.
Sartre morreu em abril de 1980 e foi muito homenageado em Paris. E não foi por pouco. Ele foi um filósofo que contribuiu muito para os ideais do mundo atual (e ainda contribui). "É preciso que deixemos de viver somente no teórico, é preciso que coloquemos o teórico em práticas, ou seja, em realizações". Liberdade para ser livre. Liberdade para alguma finalidade, e não livre de alguma coisa (assim como Nietzsche). Assim o homem deve se projetar para o futuro.
Grande Sartre.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Poesia

Ser
(Carlos Drummond de Andrade)

O filho que não fiz
Hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
Sem carne, sem nome.

Às vezes o encontro
Num encontro de nuvem.
Apóia em meu ombro
Seu ombro nenhum.

Interrogo meu filho,
Objeto de ar:
Em que gruta ou concha
Quedas abstrato?

Lá onde eu jazia,
Responde-me o hálito,
Não me percebeste,
Contudo chamava-te
Como ainda te chamo
(além, além do amor)
Aspira a criar-se.

O filho que não fiz
Faz-se por si mesmo.

Ouça


"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca."
(Carlos Drummond de Andrade)

"O" poder


O Leviatã, o aparelho de opressão e as relações de poder



Michel Foucault. Um filósofo bastante discutido. Ele duvidou das teses de pelo menos dois importantes pilares da filosofia: Thomas Hobbes e Karl Marx. Foucault foi apropriado pelos vários campos do saber, mas teve como um dos seus principais estudos a questão do poder.
Foucault foi contra a concepção do poder do senso comum. Para as massas o poder é uma propriedade de poucos, tem uma localização e tem um aspecto negativo (dominação). Seria fácil imaginar: o poder é vertical. Uma pirâmide cujo topo exerce poder sobre a base. O mesmo poderia se dizer sobre o Estado.
Essa concepção está vinculada ao pensamento de Hobbes e de Marx. Hobbes diz que o Estado é um contrato em que o maior medo é que voltemod para o estado de natureza. Nesse estado de caos todos eram dotados de total liberdade, mas havia um constante temor da morte. Assim, guiados pela razão, os homens abririam mão dessa total liberdade e escolheriam um representante que os governaria e garantiria a paz. Para Hobbes o lobo se curva ao Leviatã.
Já Marx diz que o Estado é um aparelho (burguês) de opressão no qual a elite faz uso da alienação para controlar as massas e manter seus privilégios. Tanto para Marx quanto para Hobbes o Estado é algo que reprime e limita. E o poder está localizado no mesmo.
Em contrapartida, Foucault diz que não podemos falar em "o" poder. O poder é uma relação (ou relações) de micro-forças que se atravessam formando uma enorme teia do tecido social. A grande diferença é que "o" poder não é vertical, mas são relações contidas num mesmo plano e que sofrem influências umas das outras.
Assim, ele passa a ser encarado como relações que estão presentes em todos os lugares e que ninguém pode estar fora. O próprio poder do Estado é "configurado" de acordo com as micro-relações. As micro-relações de poder se dão em casa, na escola e em todos os possíveis lugares. Além disso, essas relações podem possuir um caráter positivo, pois estimulam, incitam e lançam o indivíduo adiante. Encarando desse modo, podemos dizer que o poder do Estado dociliza para nos tornar produtivos.
Foucault contesta o pensamento de esquerda no qual o tomada do poder é o objetivo. A economia já não é mais a "chave" para remover os excessos de poder. "Ninguém está fora do poder". Ele é "algo" positivo e produtivo. Enraizado com a idéia positivista de "Ordem e Progresso". Mas sabemos também que as nossas relações podem refletir no chamado "topo da pirâmide".

Afinal, quais são os reais objetivos de se manter a velha concepção de poder?

Ó FORTUNA

Ó Fortuna
(Carmina Burana)

Ó Fortuna,
Tal a lua,
Uma forma variável!
Sempre crescendo
Ou decrescendo:
Ó que vida detestável!
Pouco duras
Quando curas
De nossa mente as mazelas,
A pobreza,
A riqueza,
Tu derretes ou congelas.


Bruta sorte,
És de morte:
Tua roda é volúvel,
Benfazeja,
Malfazeja,
Toda sorte é dissolúvel
Disfarçada
De boa fada,
Minha ruína sempre queres;
Simulando
Estar brincando,
Minhas costas nuas feres.


Gozar saúde,
Mostrar virtude:
Isto escapa a minha sina;
Opulento
Ou pulguento
O azar me arruina.
Chegou a hora,
Convém agora,
O alaúde dedilhar;
A pouca sorte
Do homem forte
Devemos todos lamentar

...

Itsumo Nando Demo
(Spirited Away- A viagem de Chihiro)

Em algum lugar, uma voz chama
Do fundo do meu coração
Que eu possa sempre sonhar
Os sonhos que tocam meu coração
Tantas lágrimas de tristeza
Infinitas lágrimas rolaram
Mas sei que do outro lado
Encontrarei você
Toda vez que caímos no chão
Olhamos para o céu lá no alto
E acordamos para o seu azul
Como se fosse a primeira vez
Como o caminho é longo e solitário
E não enxergamos o fim
Posso abraçar a luz
Com meus dois braços
Quando digo adeus meu coração pára
Com ternura eu sinto
Que meu corpo silencioso
Passa a ouvir o que é verdadeiro
O milagre da vida
O milagre da morte
O vento, as cidades e as flores
Todos nós dançamos numa só unidade

Em algum lugar uma voz chama
Do fundo do meu coração
Continue sonhando seus sonhos
Não os deixe morrer
Por que falar de sua melancolia
Ou dos tristes pesares da vida?
Deixe tais lábios cantarem
Uma linda canção para você
Não esqueceremos a voz sussurante
Em cada lembrança ela ficará
Para sempre, para guiar você
Quando um espelho se quebra
Estilhaços se espalham pelo chão
Lampejos de uma vida nova
Refletem-se por toda parte
Janela de um recomeço
Quietude, nova luz da aurora
Deixe que meu corpo vazio e silente
Seja preenchido e nasça outra vez
Não é preciso procurar lá fora
Nem velejar através do mar
Porque brilha aqui dentro de mim
Está bem aqui dentro de mim
Encontrei uma luz
Que está sempre comigo

domingo, 16 de dezembro de 2007

As três transformações de espírito

Das três transformações


É uma parábola contada por Zaratustra onde ele nos mostra a nossa libertação da moral escrava. Três transformações de espírito são mencionadas: como o espírito se muda em camelo, o camelo em leão e o leão, finalmente, em criança. Isso diz respeito ao espírito respeitável, forte e sólido.
O espírito que "acorda" se dá conta que por todo esse tempo carregou uma enorme carga. O espírito se muda em camelo, quando percebe que vive com uma carga pesadíssima (que é a moral do rebanho) e fica com várias dúvidas sobre essa moral, que além de imposta é violenta.
Sobrecarrega-se o camelo que é levado pelo seu deserto. No deserto mais solitário, porém, se efetua a segunda transformação: o espírito torna-se leão. Agora ele quer consquistar a liberdade e ser senhor no seu próprio deserto. Procura então o seu último senhor, o grande dragão com inúmeros "TU DEVES" e valores milenares gravados em suas escamas. O dragão diz: "Eu sou todos os valores criados e novos valores não reinarão!".
Em oposição ao dragão, no leão cintila o "EU QUERO". O leão não pode criar valores novos, mas ele pode criar a liberdade para uma nova criação, pois é uma criatura forte. O dragão diz: "No futuro não deve existir o 'EU QUERO' ". O leão cria a sua liberdade dizendo um "Não" perante ao dragão, perante ao dever. Agora o espírito se transforma em criança.
Mas o que pode fazer uma criança o que não possa o leão? A criança é a inocência, o esquecimento, um novo começar após o turbilhão causado pelo leão, um brinquedo, uma roda que gira sobre si, um movimento, a afirmação. Vamos quebrar essa grande prisão: a moral escrava que nos domina há muito tempo.
Assim falou Zaratustra

Assim falou Zaratustra


Nietzsche considerou o cristianismo e o budismo como "as duas religiões da decadência", pois, para ele, eram religiões que aspiravam ao nada. Nietzsche viu a nossa filosofia como uma torre babilônica: alçar-se ao céu é o objetivo de todos os grandes esforços, o reino do céu sobre a terra significa quase o mesmo.
Em sua obra fundamental "Assim falou Zaratustra" é apresentada uma de suas mais importantes concepções: "a eterna, suprema afirmação, em sua plenitude e globalidade".
Zaratustra é um lendário sábio persa que se isolou por dez anos nas montanhas, onde se libertou da grande prisão, a moral do rebanho (cristã). Resolve voltar para nos trazer um valiosos presente: o super-homem, pois Zaratustra ama os homens. Ele descreve o homem como o intermediário entre o animal e o super-homem. Nas montanhas descobre que Deus já morreu e com Ele morreram todas as blasfêmias que negam a vida. Veja aogra notas que eu acho importante evidenciar:


-O homem para o super-homem é a mesma coisa que o macaco para o homem: uma vergonha.

- O rebanho quer ter todas as virtudes ditas "boas" para na verdade ter um bom sono.

- Os semelhantes a Deus querem que se acredite neles e que a dúvida seja pecado.

- A virtude é somente sua.

- Ame as tuas virtudes que nasceram das tuas paixões que dantes chamava-lhes males, porque por elas morrerás.

- O sangue é o teu espírito, então escreva com teu sangue.

- Seja o seu deus.

- Não expulses para longe de ti o herói que há na tua alma! Santifica a tua mais elevada esperança!

- Os pregadores de morte dizem: "A vida não é mais que sofrimento".

- Seja uma árvore solitária na montanha. Seja o super-homem! Ame as tuas paixões!

- Foge, meu amigo, para a tua solidão, para além onde sopre o vento rijo e forte. Não é destino teu ser enxota moscas.

- Você deve ser para seu amigo um ardente desejo de super-homem.

- Eu não vos aconselho o amor ao próximo. Aconselho-vos o amor ao mais afastado.

- Isole-se e crie uma coisa superios a ti mesmo.

- Livrai-nos de ofender o solitário, mas se o ofendestes, então matai-o também.

- Crie um criador.

- Entre os sacerdotes há muitos heróis que sofreram muito, por isso querem fazer sofrer os outros.

- O rebanho quer ser pago por suas virtudes.

- Os pregadores de igualdade possuem secretas vinganças.

Existem outros pontos importantes, mas é suficiente para passar a mensagem da obra e instigar a leitura.

Lobo ou criatura social?

Lobo ou criatura social?
A questão do Estado
Thomas Hobbes e Karl Marx. Épocas diferentes. Pensamentos diferentes. Mas uma coisa em comum: os dois se preocuparam com a questão do Estado, causando repercursões até os dias atuais.
Thomas Hobbes filosofou primeiro. Hobbes diz que em um dado momento os homens viveram em uma constante "guerra de todos contra todos": o estado de natureza. Ele diz que a tendência primeira do homem é a guerra, pois o homem é um ser a-histórico e sua essência é individualista acima de tudo. O homem vivia em constante medo (da morte) e desconfiança. Era o caos e, por conta disso, a vida do homem era muito curta.
Todos começaram a perceber que aquele estado de guerra não era vantajoso (não havia desenvolvimento) e por isso criaram um pacto social no qual a paz era o mais importante (tranqüilidade a longo prazo). Assim, segundo Hobbes, criou-se o Estado: por medo e guiados pela razão, abdicamos de nossa liberdade absoluta em busca de paz, porém ainda podemos realizar as nossas "mínimas vontades". O Estado teria que ter um representante que o governaria, o Leviatã, em quem deveríamos ter confiança e respeito, pois ele nos representava e era superior. No Estado de Hobbes todos seriam beneficiados. Os lobos curvam-se ao Leviatã, caso contrário poderia ser o fim do Estado ideal para Hobbes.
Já Karl Marx pensava muito diferente. Voltou a Aristóteles dizendo que a tendência do homem é a de se organizar, só que da maneira mais variada possível. A própria essência humana muda, a partir da base material, ao longo da história.
Para Marx, o Estado não passa de um aparelho de opressão da classe dominante, que propaga sua ideologia, a fim de "modelar" os dominados para atender aos seus diversos interesses (como os burgueses que tentavam alienar os proletários), ou seja, os valores "flutuam" em função do mercado. Marx desejava transformar a realidade com a sua filosofia.
Hobbes diz que o Estado é um pacto racional movido pelo medo de se voltar ao estado de natureza, ou seja, o homem a princípio é um lobo que depois foi domesticado. Há também um certo medo do Estado. Marx afirma que o Estado é um "jogo" de ideologia dominante, que tem como fim o mantimento dos privilégios das classes do alto da pirâmide social.

Afinal, estamos mais para completos lobos ou criaturas sociais?

sábado, 15 de dezembro de 2007

Que progresso é esse?


Que progresso é esse?



Definir a nossa realidade não é algo fácil. Dizer se nela há progresso é uma questão mais que difícil. Lembremos que estamos em "tempos modernos", não mais aqueles em que o homem tinha como tarefa diária o "apertar a porquinha" um milhão de vezes, mas em algo muito mais "futurista": a era das máquinas, em especial as que estão ocupando o lugar do homem. Estamos colhendo os frutos estragados da Modernidade.
Antes do século XVIII não existia uma noção de progresso, porém o Capitalismo estava em ascensão e logo criaria e aliaria esse conceito à sua causa. Progresso sugere uma melhora, uma evolução. Mas então pergunto: que progresso é esse que excluí?
O mundo contemporâneo possuí profundas raízes na modernidade (se não o podemos chamar de "Modernidade Contemporânea") e ergue três eixos centrais: progresso, educação e máquinas. É uma aposta na razão, uma aposta que tem como base fundamental a ciência. A Modernidade está ligada à racionalização (tornar racional e eficiente) o que se traduz numa matematização do real (vamos descrever o mundo por equações!). Hoje, notavelmente, as qualidades são transformadas em quantidades, em números.
As máquinas foram criadas para facilitar o trabalho, tornar tudo mais rápido, o que acarretaria mais tempo para cuidarmos de nossas vidas. Entretanto fomos nada mais que agressivamente lançados em uma cadeia de produção, onde teríamos, cada um, uma função específica no devido processo. No início do século passado, sabotar as máquinas era a solução. O indivíduo rebelado cometia tal façanha.
Hoje não. Estamos em um sistema de vigilância sofisticadíssimo. "Sorria, você está sendo filmado" é o carro-chefe. O grande olho, o "panóptico" (o Big Brother real) está aí nos filmando e dificultando qualquer tipo de resistência perante o sistema. Não quero ter má-fé. Entretanto a idéia de que estamos sendo observados está tão impregnada que até criamos uma polícia interna.
As máquinas estão ocupando o lugar do homem, perversão essa gerada pelo desejo de lucro que, infelizmente, ganha força a cada dia (nós, nossos desejos capitalistas e individualistas) fazendo com que muitas pessoas sejam descartadas. "Mas poxa! O cobrador de ônibus é cobrador porque ele quis". É triste tal visão que muitos possuem. Ainda mais em um país, em um mundo onde que para que alguns sejam ricos, infelizmente, é necessário que a grande maioria seja pobre. Será necessária miséria para que se tenha riqueza?
Diante desse grande problema lembro-me da idéia de progresso novamente. Ele tenta nos mostrar o que é "melhor ou pior" sob sua perspectiva. Pergunto: "Ter progresso" é estar em uma sociedade que tem como base a ciência (que é usada principalmente para fins militares ou capitalistas e não para o bem-estar de todas as pessoas)? É claro que não desconsidero pessoas, muitas, que estão tentando transformar essa realidade. Pessoas estas de muita fibra que, mesmo com pouca voz perante as grandes corporações e Estados, estão lutando para conscientizar as pessoas, pois elas sim, quando unidas, mudarão o rumo de nossa história.
Acreditamos (durante 200 anos) que a razão resolveria tudo. Criamos inúmeras máquinas que nos dão idéias de ilusão (a felicidade de possuir objetos), mas a fome e a miséria estão aí. Que progresso é esse? Mesmo com o avanço da medicina doenças novas estão surgindo, inúmeros problemas novos aparecem, como os de ordem psicológica por exemplo.
Eu passo por inúmeros moradores de rua, pessoas marginalizadas pela sociedade. Chega uma hora que começa a parecer "normal", não é? Que progresso é esse que agride a natureza e os homens? Temos que parar de nos alienar...
Será que é essa a razão de que precisamos? Ou será que teríamos que reformular a razão?
Somos os estudantes de hoje que serão os trabalhadores de amanhã e colheremos tudo que semeamos, não podemos duvidar disso.


"Temos que parar de nos alienar e tentar levar para os outros algo realmente bom"

Um sinal verde para o Brasil


Um sinal verde para o Brasil

Semáforo vermelho. Os carros páram. Uma criança se aproxima para vender doces ou simplesmente pedir esmola. Vidros fechados. Sem educação, sem saúde, sem moradia e desacreditados, esses jovens não têm uma infância digna. O semáforo não se torna verde. Um sinal de alerta para o país e para um futuro quase perdido.
A sociedade brasileira das últimas décadas vem passando por inúmeras transformações no âmbito social e econônico sob uma perspectiva capitalista. Tomando como base o lucro e o consumismo, tais tranformações trazem conseqüências negativas para a parcela carente da população, como jovens de rua, principalmente quando seus direitos são deixados de lado.
É assegurado, à criança e ao adolescente, pela Constituição Brasileira no Artigo 227 o direito à saúde, à alimentação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar. Entretanto o que se vê é um não cumprimento da lei devido à inúmeros fatores: incompetência da administração pública juntamente com o preconceito, a exclusão social e a segregação espacial.
Crianças e adolescentes marginalizados não são tratados como cidadãos. Muito pelo Contrário: menino de rua é sinônimo de bandido. Eles são fruto de um Estado que não ofereceu nenhuma condição de melhoria às periferias (encontrando outros meios de sobrevivência e de obtenção de renda), não adquirindo o status necessário para o exercício da cidadania. Isso soa estranho, mas é um cenário típico de um país desigual: quanto mais rica, mais cidadã uma pessoa é.
É importante ter a consciência que se investíssemos agora nos jovens brasileiros para uma formação de qualidade, estaríamos dando o sinal verde que o país precisa. Estaríamos indo rumo a uma nação de adultos que reconhecem os seus direitos.
Com essa perspectiva, o Estado com a ajuda de Organizações Não-Governamentais (ONG's) deve investir na educação e em projetos esportivos, artísticos e informativos dentro das escolas como um meio de chamar a atenção dos jovens. Além disso, encaminhá-los para essas entidades com o investimento em propaganda e a ação de agentes do governo. Isso somente dará certo quando condições forem dadas para que não seja preciso que uma criança batalhe pelo seu pão de cada dia, porque afinal ela é uma criança e merece ter uma infância.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Gabriela


GABRIELA

Quando a vejo meu corpo arde em chamas,
Mas nesse momento eu sinto medo,
Porém desejo-te em pleno segredo
Tu és linda, nos meus sonhos me amas.

Nosso amor vem de uma vida passada,
Tu nunca foste bela como és agora
Saudade quando não era estressada
Sei que meu amor não foi embora.

Espero o dia da reconciliação,
Quando deitar-me nos teus seios
Viverei com grande satisfação.

Que vida chata sem minha donzela,
Que saudade mortal dessa mulher,
Minha sempre eterna; Gabriela!

Quem fala em mim?


Quem fala em mim?
O aparelho psíquico já foi muito estudado e dividido em partes metafóricas, partes estas que não são delimitações físicas, pois é complicado e incorreto estabelecer fronteiras, visto a tamanha complexidade da mente humana.Porém, para facilitar o entendimento imagine esse aparelho como um grande iceberg no oceano. O que vemos na superfície é a consciência, aquilo que é expressado no indivíduo. Nessa parte visível podemos localizar também o pré-consciente, uma parte um pouco nebulosa, mas que ainda temos um pequeno acesso, pois o conteúdo aí existente vai para a consciêcia com menor dificuldade. Finalmente, 90% do iceberg encontra-se submerso nesse escuro e misterioso oceano: é o inconsciente, o depósito das forças instintivas, dos desejos e da natureza original de cada um de nós.Agora esqueça o que eu disse acima. Sim, esqueça. Esse modelo de consciente, pré-consciente e inconsciente, enfim, essa classificação não é tão dramática que a de ego, superego e id. Eles são um pouco similares (nessa ordem) aos domínios do modelo antigo. Sigmund Freud, pai da psicanálise, grande psicólogo e estudioso da natureza mental do ser humano, influenciou todo o pensamento do século XX com seu legado. O clichê "Freud explica" não é à-toa.O superego é a instância da censura, um controlador que introgeta a moral dominante para tentar reprimir e esconder os desejos do id, desejos estes que podem ser os mais loucos possíveis e que de alguma forma não são aceitos no meio em que você, eu, nós vivemos.O ego (consciente) é o que conhecemos de nós, resultado dessa intensa luta interna, esmagado por todos os lados. Pobre ego. Para o superego o comentário não chega a ser muito diferente. O id, porém, é a primeira instância no ser humano: as outras se formam com o tempo. Vale lembrar que o que para o ego é absurdo para o id é completamente normal.Ambos, ego e superego, possuem uma desvantagem quando em conflito com o id, pois o id é uma "fábrica" inesgotável de energia, desejos, pulsões e paixões. Essa energia, chamada por Freud de libido, se manifesta em sonhos, lapsos e atos falhos, pois essa demanda é tão grande que se caso ficasse "presa" no indivíduo ele talvez "explodiria" (distúrbios mentais). Entretanto a libido escapa através de máscaras criadas pelo superego que além de tentarem impedir que se tome ciência de sua verdadeira face, tentam evitar o desprazer. Vale lembrar que a mente tenta evitar o desprazer do indivíduo a qualquer custo. Entre quatro paredes, porém, o id ganha uma força enorme e ultrapassa seus opositores. A questões que coloco são as seguintes: Quem fala em mim? Quem é o sujeito das minhas ações? Quem sou eu? Como é possível estabelecer uma moral se sabemos que uma grande parte de nós não é racional?Nós só conhecemos a ponta do iceberg...

"Nós somos fundamentalmente id"

O que é certo?

O que é certo?
Certo e errado. Bem e mal. A moral de uma sociedade, o conjunto de regras e normas que influenciam a educação, o agir em conjunto e a própria relação que você mantém com sua família.A ética é uma disciplina da filosofia que reflete sobre esse conjunto de regras e um de seus mais conhecidos filósofos é Friedrich Nietzsche (pronuncia-se Nitchê). Ele estudou o valor dos valores, a gênese (origem) da moral. Para ele, nenhum valor é universal, ou seja, nenhum valor possuí a mesma importância para diferentes sociedades ou pessoas. Tomemos, como exemplo, o seguinte: o valor de um copo de água será o mesmo em frente ao Rio Amazonas e no meio do Deserto do Saara?Assim acontece com todos os valores, que são criações humanas, não possuindo, portanto, ligações com o divino que de uma certa forma predeterminaria o que é certo e o que é errado. É uma tolice achar que os valores "caem" do céu e que o "bem" para o rebanho (a sociedade, em especial a rebanho cristão que foi muito criticado por Nietzsche) seja o "bem" para todos os seus indivíduos.Nietzsche apoia os valores que expandem a vida e despreza os que a oprimem. A vida é o valor universal. Mas não é isso que se vê. Paixões, desejos e sonhos são massacrados pelo medo de que sejamos excluídos e tachados como loucos pelo rebanho.Essa é a moral escrava. Ela pertence aos fracos. E esse é o instinto de rebanho: o medo de se separar, por isso a necessidade de eliminar, assassinar, matar as paixões daqueles que buscam o novo, o inédito. O grande medo é o da criação de novos valores que talvez possam derrubar os valores que governam a nossa sociedade.Aquele que vai além da maioria, criando seus próprios valores e, conseqüentemente, resistindo e se isolando do rebanho não me parece ser um louco. Talvez para você ainda pareça, ou não. A vida, esta sim, está acima da loucura, do bem e do mal, por isso viva, nada mais. Sem medo do rebanho, que aparenta ser dócil, mas é cheio de secretas vinganças.Bem, acho que ficamos por aqui, porém a filosofia de Nietzsche é tão ampla que inevitavelmente voltarei a falar se o tempo permitir. Enquanto isso não acontece reflita sobre a necessidade e os objetivos de se ter uma moral. "Uma sociedade pode existir sem moral?", "Afinal, o que é certo?".
"Não seja mais um do rebanho"