sábado, 18 de julho de 2009

O Momento Cartesiano


O Momento Cartesiano - uma pequena nota

O "momento cartesiano", segundo a compreensão foucaultiana, mostra-se importante para o entendimento do cenário no qual a epiméleia heautoû foi desvalorizada. O momento cartesiano requalificou filosoficamente o gnôthi seautón, instaurando a evidência como critério de verdade e garantindo a existência do sujeito via pensamento.
Houve, assim, uma dissociação forte entre teoria e prática, em contraste com a possibilidade antiga onde para se ter acesso à verdade era necessário um certo modo de vida. O cartesianismo excluiu o cuidado de si do pensamento filosófico moderno. Com essa separação, cairemos de súbito na antiga e atual questão: o que é filosofia? O que, agora, a diferencia da experiência ampla da Antiguidade, na qual ela estava vinculada à espiritualidade?
A filosofia, distinguida da espiritualidade, é definida como o questionamento sobre a capacidade humana de conhecer, sobre o que permite que o sujeito chegue à verdade, denotando uma exaltação da razão, da reflexão, da teoria.
A espiritualidade seria o conjunto de buscas, práticas e experiências tais como as purificações, as asceses, as renúncias, as conversões do olhar, as modificações de existência, etc, calcando-se na idéia de que o sujeito é mais amplo que o conhecimento e de que o acesso à verdade traz efeitos para o próprio ser do sujeito.

Resgatar ou esconder: o que devemos fazer com essa relação?

Bibliografia:

FOUCAULT, M. A Hermenêutica do sujeito. Tradução de Márcio Alves da Fonseca e Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

GROS, Frédéric. "O cuidado de si em Michel Foucault". In: RAGO, Magareth; VEIGA NETO, Alfredo. Figuras de Foucault. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 125-138.

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