domingo, 21 de junho de 2009

Cogito




Cogito Ergo Sum!

Quando começamos a duvidar nós nos assustamos, pois a problemática se multiplica. Depois da problemática acerca da existência dos corpos e do valor da razão, Descartes ainda empreende sua busca pela verdade indubitável, que virá a ser o cogito. O sujeito está sendo remetido à sua interioridade: há um envio do sujeito a si mesmo, pois a relação sujeito-objeto está muito problematizada a ponto de afirmarmos que talvez estejamos somente de posse de impressões distorcidas acerca desses objetos, seja da ordem sensível ou inteligível.

Quando exercemos o ato do pensamento ou da dúvida, é indubitável que estamos pensando e sendo, pois o nada não realiza atos. No exercício do pensamento, sempre quando enunciamos essa sentença ela será verdadeira, mesmo que todos os juízos que fazemos acerca da realidade estejam errados. A figura do Gênio Maligno pode até nos enganar a todo o momento, mas ele jamais poderá nos reduzir a nada, a fazer o sujeito deixar de existir enquanto pensa: é impossível duvidar da existência sem a existência do sujeito que realiza o ato. O objeto pensado, o cogito, é o próprio sujeito pensante. Foi pelo puro pensamento que Descartes descobriu a própria existência.

Com a descoberta do cogito é construída uma muralha que resiste a todos os ataques (Deus enganador, Gênio Maligno e dúvidas céticas, por exemplo), mas que não destrói os inimigos e não é suficiente para fundamentar a possibilidade da ciência. Tampouco Descartes afirma que existir é a mesma coisa que pensar: ele diz que é através do pensamento que concluímos o existir.

A descoberta da substância pensante não garante a existência dos corpos, muito menos a correspondência entre pensamento e objetos na produção de sentido. O único atributo que não pode ser separado do homem é o pensamento, a consciência intelectual, pois este constituí sua própria essência. Uma coisa não existe sem o seu atributo essencial. Temos o pensamento, a sensação de possuir um corpo, mas não há garantia da existência fora da consciência. Já o cogito é percebido quando realizamos o próprio exercício do pensamento.

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