AS BACANTES E A TRAGÉDIA
As Bacantes, de Eurípedes, representa um retorno à sensualidade arcaica e mística sob o bastão sagrado de Dionísio, o tirso. No cenário de tal retorno surge a questão: é possível viver uma vida sem infortúnios?
Essa pergunta se faz importante, principalmente, quando se diz respeito a Penteu, aquele que renegou Dionísio, sofrendo as consequências.
De um certo modo a questão das desgraças que caem sobre os homens, como um teste da divindade, é questão capital na devida tragédia. Uma conjugação de dor e prazer. Um jogo de aceitação e recusa.
Penteu recusa, em um primeiro momento Dionísio, mas diante do primeiro castigo do deus, ele aceita vestir trajes femininos- para que não o descobrissem- a fim de descobrir como se realizavam os rituais envolvendo o "não-deus" Dionísio. O terrível destino recai sobre Penteu e ele é despedaçado pelas bacantes, quando estas estão num elevadíssimo nível de êxtase.
Assim, as tragédias denotam a precariedade da existência humana face aos desígnos divinos. Os deuses se sobrepõem aos homens, suas leis devem ser respeitadas ou o infrator cairá em desgraça, como no caso de Penteu.
"A conduta mais bela e sábia- penso eu- e a mais segura para todos os mortais é respeitar os deuses e ser moderado" (versos 1504 a 1506)
Bibliografia:
As Bacantes in: EURÍPIDES, 485 a.C - 406 a.C. Ifigênia em Áulis;As fenícias;As bacantes. Tradução do grego, introdução e notas: Mario da Gama Kury. 4 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002
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