domingo, 30 de março de 2008

O herói é a vitória


Friedrich Nietzsche. Um alemão que, desde a infância, já tinha um objetivo: seguir a tradição da família e ser mais um pastor protestante. Isso não seria um grande esforço: Niezsche já sabia praticamente tudo sobre a Bíblia. Mas um dia perguntas o assombraram: "qual o objetivo, afinal, da moral do povo de Deus, que me oprime, que me castiga e que só me faz promessas? Será que não sou um escravo, um fraco? Qual o valor dos valores?".
A partir daí Niezsche nunca mais foi o mesmo, passou de religioso para um dos maiores críticos da religião (principalmente a cristã) e da tradição filosófica ocidental. Para ele o único critério válido para legitimar qualquer valor é a vida, ou seja, a validade de um valor só se justifica quando ele afirma a vida e permite a sua expansão. Sendo assim, os valores que afirmam a vida são ascendentes, enquanto os que a enfraquecem são decadentes.
Segundo Niezsche os valores são imanentes, e não transcendentes como no dualismo (Platão), como no racionalismo (Descartes) e como no cristianismo ("o rebanho guiado por Deus"). Ele ataca o dualismo ao negar a existência de uma separação do corpo e da alma, ao negar que é a partir do universal que conhecemos o particular e que exista um mundo das idéias do qual "caem" os valores (essas idéias foram incorporadas pelo racionalismo e pelo cristianismo). O racionalismo também é atacado quando Niezsche diz que o homem é uma unidade e não um composto formado por uma substância estensa e outra pensante. Ele não apoia que o "eu" (Descartes) é constante, e sim variável (um feixe de percepções). Mas nenhum desses ele criticou tanto como o cristianismo.
"O cristianismo é o platonismo para o povo, todos os problemas anteriores juntos em um só nome, uma mentira que foi repetida várias vezes e se tornou uma verdade baseada num além-mundo que será atingido após a morte sem pecado e é violento tal como o rebanho (cheio de secretas vinganças) que impõe um moral que escraviza e desvaloriza a vida".
Dessa maneira Niezsche destaca dois tipos de moral: a moral escrava, que tem como base a culpa, o pecado, o castigo, océu e que foi criada pelo rebanho (que possuí horror a mudanças) para abater principalmente os fortes. A outra moral é a nobre, onde o herói afirma a vida mesmo que na agressividade e na crueldade.
O herói. Ele vencerá um dia a moral crsitã e será o seu próprio senhor, criando seus valores. Segundo Niezsche, o herói passará por uma libertação com angústia, sendo desencorajado diversas vezes pelo rebanho. De espírito em camelo, de camelo em leão e de leão, finalmente, em criança, eis o herói, que em seus atos cintila: "a eterna, suprema afirmação, em sua plenitude e globalidade".

Muito se discute acerca das obras de Niezsche, alegando como uma espécie de base para a ideologia nazista.

(Para complementação acerca das transformações de espírito, leia o texto "as três transformações de espírito" presente por aqui).


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