sábado, 17 de janeiro de 2009

Algumas críticas e idéias do Idealismo Discursivo



CRÍTICAS E IDÉIAS DO IDEALISMO DISCURSIVO

-A idéia tem que ter uma história de objetividade e sua verdade não aparece de imediato; assim, Bachelard ataca a noção de idéia simples: o filósofo da ciência diz que ela não existe, pois já é complexa. Isso significa que a “idéia simples” é uma noção que já possuí coordenadas experimentais. Para Descartes, a idéia complexa é confusa (pois remete a outras idéias para ser compreendida) e compromete o conhecimento. Entretanto, para Bachelard, o complexo é mais verdadeiro que o simples, pois é dinâmico e instável.

-O conhecimento se faz por um diálogo. Qualquer idéia se dá numa discussão na sociedade científica. Um diálogo onde não há precisão.

-Crítica à noção de objetividade como algo imediato: a objetividade é objetivação. É provisória. Ela deve se basear na história de construção do conhecimento. O objeto é resultado do processo de objetivação. Crítica à objetividade no sentido kantiano: Bachelard diz que a razão trabalha com categorias que ela mesma institui ao longo da história; o “a priori” é resultado do processo de conhecimento.

-Não há sujeito puro e não há objeto dado. Ambos se constituem ao longo do processo de objetivação. O sujeito é aquela razão que permeia a discussão. Ele surge da polêmica. Há uma oscilação entre subjetividade e objetividade. Ambos, sujeito e objeto, são perdidos e reconquistados.

-Crítica à intuição: para Bachelard, o conhecimento é reflexivo, ele vai por etapas. “Pensa destruindo”. Refletir é pegar o conhecimento anterior e retificar. O conhecimento é construído a partir de ilusões que o sujeito perde. Conhecer não é somente racionalizar.

-Crítica ao cogito: Descartes quis basear todo o conhecimento num princípio que se dá num instante. Crítica ao idealismo imediato: o idealismo tem que ser discursivo.

-O sujeito tem que eliminar suas singularidades e tornar-se objeto: assim o conhecimento torna-se objetivo.

-A ciência não começa do zero. Há uma história. A memória (ou história) anterior precisa existir para ser superada. A história muda sempre: ela é jovem, pois olhamos o passado com valores do presente.

-Se o racionalismo é dialogado, ele tem que se dar no discurso entre o eu e o não-eu; entre o mesmo é o outro.

-Só posso apreender o sujeito não se ele estiver pensando e duvidando, mas sim perdendo uma ilusão (se retificando). Para Bachelard, pensar é retificar. Eu só posso me apreender negando o que eu disse.

-O cientista, ao terminar sua experiência ou teoria, sente a alegria da criação. Bachelard quer um cientista que seja rebeldia, que vai aos poucos se construindo.

-O pensamento feliz é aquele que teve uma aceitação.

-A idéia renova no plano objetivo e no plano espiritual. No momento em que o espírito se transformou, ele sofreu um acréscimo de ser, ele se elevou. O papel do sujeito é se elevar. O ser do segundo tempo é aquele que se retificou: constrói, assim, teorias mais abrangentes, mais coerentes.

-“Em toda a conquista há um sacrifício”: conquistei uma verdade nova e sacrifiquei as anteriores.

-Ao olhar o passado com os valores atuais, nós progredimos: a verdade de hoje supera a verdade de ontem.

-Para Bachelard, o homem da ciência também é um homem criativo.

-Não devemos partir dos dados para formar abstrações. Devemos formar abstrações e concretizá-las. Existem abstrações (coisas que somente são racionais) que eu preciso para explicar outras coisas.

-O homem é um sonhador, mas no laboratório é prudente afastar os sonhos e as singularidades (porém isso não significa deixar de ser criativo). Os obstáculos, para Bachelard, estão dentro do próprio sujeito.

-Eu sou um sujeito porque sempre estou me retificando. Só podemos ter certeza que o “eu” e as “idéias” existem nesse dinamismo.

-Para Bachelard, a idéia é clara quando vem de erros profundos: uma experiência que deu errado, por exemplo, ensina muito mais que uma experiência que deu certo. Já para Descartes, a idéia clara é aquela que não tem erro e não se mistura com outras idéias.

-É preciso errar para chegar à conclusão. Quando o sujeito emerge de um poço de erros, ele se apreende num instante, mas logo precisa afastar outras ilusões. O sujeito é a cada instante, diferente.

-No momento que o sujeito afasta todas as ilusões, ele cria algo novo. A pureza acontece quando o ser acaba de sair do engano, num instante.

-Se as coisas estão mudando, isso se dá pela própria construção humana.

Nenhum comentário: