Muitos foram os cientistas que contribuíram para a construção teórica da sociologia. No entanto, há três que podem ser considerados os mais importantes e são tidos como clássicos- pela elaboração teórica ampla- e que com o passar do tempo não perdem sua atualidade. São eles: Émile Durkhein, Karl Marx e Max Weber. Enquanto a preocupação principal do positivismo foi com a manutenção e a preservação da nova sociedade capitalista, o marxismo procurará fazer uma crítica radical a esse tipo de ordem social, colocando em evidência seus antagonismos e suas contradições.
A elaboração mais significativa do conhecimento sociológico crítico foi feita pelo marxismo. Deve-se a Marx e Engels a formação e o desenvolvimento desse pensamento sociológico crítico radical da sociedade capitalista.
Na concepção de Marx e de Engels, o estudo da sociedade deveria partir de sua base material, e a investigação de qualquer fenômeno social da estrutura econômica da sociedade, que constituía a verdadeira base da história humana.
Desenvolveram a teoria de que os fatos econômicos são a base sobre a qual se apoiavam os outros níveis da realidade, como a política, a cultura, a arte e a religião. E, ainda, de que o conhecimento da realidade social deve converter em um instrumento político, capaz de orientar os grupos e as classes sociais para a transformação da sociedade.
Dentro dessa perspectiva, a função da sociologia não era a de solucionar 'os problemas sociais', com o propósito de restabelecer a ordem social, como julgavam os positivistas- ela deveria contribuir para a realização de mudanças radicais na sociedade.
Enquanto a sociologia positivista preocupou-se com os problemas da manutenção da ordem existente, concentrando sua atenção, principalmente, na estabilidade social, o pensamento marxista privilegiou, para o desenvolvimento de sua teoria, as situações de conflito existentes na sociedade industrial. Para os marxistas, a luta de classes, e não 'a harmonia' social, constitui a realidade mais evidente da sociedade capitalista.
A obra de Marx é fundamental para a compreensão do funcionamento da sociedade capitalista, e tanto recorrem a ela seus simpatizantes como seus críticos; isto porque Marx estudou o capitalismo e seus estágios iniciais, nos quais eram nítidas as posições ocupadas pelos capitalistas e pelos operários e onde a exploração social do trabalho assalariado ocorria de forma brutal.
Karl Marx nasceu na Alemanha, em 5 de maio de 1818, numa família de classe média, sendo seu pai um advogado bem conceituado.
Um fato ocorrido quando dos seus 17 anos, no ginásio da cidade onde nasceu, Trèves, demostra o que seria a vida futura do jovem Marx. Seu professor mandou-o dissertar sobre o tema: 'Reflexões de um jovem a propósito da escolha de uma profissão'.
Em sua dissertação, Karl desenvolveu duas idéias que deveriam acompanhá-lo por toda a vida. A primeira era a idéia de que o homem feliz é aquele que faz os outros felizes; a melhor profissão, portanto, deve ser a que proporciona ao homem a oportunidade de trabalhar pela felicidade do maior número de pessoas, isto é, pela humanidade. A segunda era a idéia de que existem sempre obstáculos e dificuldades que fazem com que a vida das pessoas se desenvolva em parte sem que elas tenham condições para determiná-la.
A obra de Marx, embora não diretamente relacionada com os estudos acadêmicos de ciências sociais, teve enorme importância para a sociologia. Trouxe para esta a teoria da luta dos contrários, o 'método dialético', assim definido por Engels: "a dialética considera as coisas e os conceitos no seu encadeamento; suas relações mútuas, sua ação recíproca e as decorrentes modificações mútuas, seu nascimento, seu desenvolvimento, sua decadência".
Marx soube reconhecer na dialética o único método científico de pesquisa da verdade. Sua dialética diferia das interpretações que a precederam, como ele mesmo afirmou. "No meu método dialético 'o movimento do pensamento não é senão o reflexo do movimento real, transportado e transposto para o cérebro do homem' ". Para Marx era o mundo real, o âmbito da economia, das relações de produção que determinavam o que pensava o homem, e não o contrário. Foi muito criticado por outros autores por isso, pois consideravam sua teoria determinista do ponto de vista economico. E, na realidade, o determinismo econômico marcou as diversas correntes do marxismo que proliferaram ao longo do século XX.
O método dialético proposto por Marx possui quatro características fundamentais: tudo se relaciona (lei da ação recíproca e da conexão universal); tudo se transforma (lei da transformação universal e do desenvolvimento incessante); mudança qualitativa; e luta dos contrários.
Já no fim da vida, Marx mantinha-se atualizado e aborrecia-se com as deficiências dos socialistas, que se diziam seus seguidores. Sabendo das tolices que eram ditas ou praticadas em seu nome, pilheriou com Engels, afirmando: "O que é certo é que eu- Marx- não sou marxista".
Faleceu em 14 de março de 1883.
Suas principais obras são:
Manuscritos econômicos filosóficos (1844),
A ideologia alemã (1845),
A miséria da filosofia (1847),
Manifesto comunista (1848),
O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852),
ep (1857) e sua maior obra,
O capital (1867).
(Dias, Reinaldo.
Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005- p. 24)